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Pro dia nascer feliz

Dirigido por João Jardim, "Pro Dia Nascer Feliz" retrata os problemas da educação brasileira por meio do relato de adolescentes e professores sobre seu cotidiano na escola.  O documentário tenta mostrar como acontece a relação do aluno com professores, os problemas familiares, a influência dos acontecimentos no dia a dia das comunidades, o avanço da violência e as dificuldades de acesso ao ensino de qualidade, sob o olhar daqueles que são parte integrante da escola. 

 

O filme começa nos contando histórias de Manarí, Pernambuco, a cidade mais pobre do país. Lá vemos que a única escola do município trabalha com ensino fundamental e sofre com problemas de dinheiro, estrutura e falta de professores. Os adolescentes que precisam cursar o ensino médio tem que sair da cidade para poder estudar, enfrentando longas distâncias, viagens noturnas e o perigo das rodovias. Mesmo assim, não são raros os alunos que aproveitam a viagem para outros fins que não sejam o de assistir a aula... 

 

É interessante ver que o documentário abordou a questão do professor de forma mais realista, afastando um pouco a ideia de que todo professor faz a sua parte com relação a educação e que a culpa do sistema ser falho é somente do aluno e do governo. O professor também tem sua quota de responsabilidade pela ineficiência do sistema educativo, e por isso mesmo, ele não é menos importante dentro do processo de reforma escolar. 

 

O objetivo da primeira parte do documentário é mostrar os problemas presentes nas escolas do interior do país, onde os municípios geralmente
são pobres em recursos financeiros, a maioria da população ainda vive da agricultura e onde as oportunidades no mercado de trabalho são quase inexistentes. Nessas regiões temos os sonhos dos jovens sufocados pela pobreza, pelo trabalho precoce e pela descontinuidade da assistência do governo em políticas públicas. 

 

Do sertão partimos para a periferia das grandes metrópoles brasileiras, onde geralmente pensa-se que todos os problemas estão resolvidos. Lá temos novamente o descaso do governo, o desestímulo dos professores, a pobreza, e um fator maior: a violência. 

 

A violência tem crescido muito nas últimas décadas, o aumento da população e a impossibilidade do sistema de segurança brasileiro de conter o crescimento dela, aliado ao consumo de drogas, tem feito com que muitos jovens ingressem no mundo do crime em troca de dinheiro, e até mesmo de status. A escola existe, mas parece não atrair o interesse do aluno, ela não satisfaz as necessidades dele, que por conviver diariamente com a violência e não perceber outra opção de obter "sucesso" termina por se envolver com ela. 


A partir daí, nos é apresentado o problema do jovem da periferia: a ociosidade. Enquanto no interior, o trabalho impede que os jovens estudem, na zona urbana - em alguns casos - a ociosidade acaba fazendo com que o jovem se afaste dos estudos e entre no mundo do crime. 

 

Em seguida, temos o contraste de objetivos entre os alunos da escola privada e os alunos da escola pública. Nesse quadro podemos ver a preocupação desses alunos com o futuro e com a carreira profissional, a questão do debate do conceito de igualdade e de superioridade. 

 

O filme faz uma abordagem interessante ao mostrar que também existem problemas no desempenho dos alunos da escola privada. Esses problemas geralmente estão ligados à questão familiar: pais que não dão
atenção aos filhos, alunos pressionados a obter bons resultados em exames, a opinião sobre crenças e outras ideologias, e a forma como eles resolvem seus problemas, procurando o auxílio de pessoas com experiência para isso. 

 

Também é possível notar a diferença no comportamento entre os jovens, onde a conversa com os alunos da escola privada é mais desenvolvida e envolve temas mais complexos e abstratos, enquanto nas escolas públicas visitadas, infelizmente, é clara a falta de cultura da maior parte dos jovens. 

 

O aspecto mais interessante do documentário é que além de mostrar a deficiência das escolas públicas, o diretor faz isso através do olhar do adolescente. No filme vemos que todos eles estão na fase da busca pela identidade, que todos têm sonhos, o sonho de fazer algo bom e de se orgulhar disso no futuro, independente da escola ou da região em que viva. Os jovens querem mudança, estão abertos a elas. 


Assista ao documentário!


 


Comentários

  1. Luziana, assistindo esse documentário, através dos depoimentos dos alunos, acredito que apesar de tanta revolta, violência, indignação e autossuficiência, a maioria dos adolescentes tem em sua essência algo que lhe impulsiona a ser uma pessoa melhor, mesmo percebendo seus erros, em algum momento ela querem acertar. E essa esperança é uma luzinha no fim do túnel para nós, como futuros docentes, fazermos algo para melhorar as qualidade nesse processo ensino-aprendizagem.

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  2. Luziana, gostei muito desse documentário. Ele retrata muito bem a situação da educação em nosso país. Há muito trabalho a ser feito, porém sem o comprometimento de ambas as partes que formam o sistema será impossível construir uma verdadeira educação.

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